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<i>A Última Mulher e o Próximo Combate</i>

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«A Re­vo­lução não anda com meias-tintas. Vai haver mu­danças. Tem que haver.» Será a grande mu­dança re­vo­lu­ci­o­nária mudar o nome de uma re­gião de Frente La O para Frente Félix López? Apesar de ser apenas um acto sim­bó­lico havia um pro­fundo sig­ni­fi­cado po­lí­tico. Ale­jandro La O era um grande pro­pri­e­tário agrário, «homem mau, mau de ver­dade», que des­truía a flo­resta para fazer pastos, que se as­so­ciava ao exér­cito de Ful­gencio Ba­tista para re­primir os tra­ba­lha­dores e que abu­sava das mu­lheres. Re­pre­sen­tava o poder de­posto com a Re­vo­lução Cu­bana ini­ciada em 1959, que se fez (e faz) «para que aqueles que nada pos­suem possam viver me­lhor».

Bruno, a per­so­nagem prin­cipal de A Última Mu­lher e o Pró­ximo Com­bate, de Ma­nuel Co­fiño (que sairá com a pró­xima edição do Avante!) é en­viado de Ha­vana para uma re­gião re­mota da ilha de Cuba para levar a cabo um plano de de­sen­vol­vi­mento flo­restal. Con­tudo, vai en­con­trar di­versas re­sis­tên­cias por parte dos cam­po­neses, que olham com a des­con­fi­ança in­jec­tada pelos contra-re­vo­lu­ci­o­ná­rios e fa­ci­li­tada pelos opor­tu­nistas. A obra re­trata assim os pri­meiros tempos da cons­trução do so­ci­a­lismo. Aqui trata-se do exer­cício do poder, dos pro­blemas que se co­locam aos re­vo­lu­ci­o­ná­rios no con­tacto com as pes­soas de classes e ca­madas po­li­ti­ca­mente mais re­cu­adas. Mas também o amor e o tra­balho, o ódio e a mes­qui­nhez, a be­leza dos mitos e a du­reza da re­a­li­dade.

Não sa­bemos se Ma­nuel Co­fiño, quando pu­blicou este livro em 1971, co­nhe­ceria a obra Quando os Lobos Uivam, de Aqui­lino Ri­beiro, pu­bli­cada pouco mais de dez anos antes. O fundo de ambas as obras acaba por ser pró­ximo, mas a abor­dagem é toda outra. Na exe­cução do plano flo­restal em Por­tugal, du­rante o fas­cismo, não se he­sita em usar-se o apa­relho re­pres­sivo para car­regar sobre os cam­po­neses. Na Cuba so­ci­a­lista, a «coisa está em tra­ba­lhar com eles [os cam­po­neses] no campo, con­viver com eles, res­peitá-los, manter sempre a dig­ni­dade dum re­vo­lu­ci­o­nário, obter deles o res­peito e a con­fi­ança. A partir daí as pes­soas res­pondem sempre quando a Re­vo­lução as chama e quando se lhe ex­plicam os pro­blemas são ca­pazes de com­pre­ender e de ajudar». Grande parte deste livro re­sulta da ex­pe­ri­ência de Ma­nuel Co­fiño que foi, ele pró­prio, en­viado em 1968 como di­rector do plano flo­restal na pro­víncia de Pinar del Río, no ex­tremo oci­dental da ilha de Cuba.

Ma­nuel Co­fiño é um dos prin­ci­pais au­tores cu­banos do sé­culo XX. Além de A Última Mu­lher e o Pró­ximo Com­bate, com que venceu o prémio Casa de las Amé­ricas, pu­blicou ou­tros ro­mances e vá­rios contos, tendo como tema prin­cipal a trans­for­mação so­cial, pois não acre­di­tava numa li­te­ra­tura que se des­li­gava da vida con­creta, dando sempre grande des­taque às per­so­na­gens fe­mi­ninas. Par­ti­cipou in­ten­sa­mente na vida po­lí­tica cu­bana, sendo até à sua morte em 1987 di­ri­gente da União dos Es­cri­tores e Ar­tistas de Cuba. Man­teve-se fiel à re­vo­lução como Bruno, nunca atrai­ço­ando o in­di­víduo, «pois só pre­o­cu­pando-nos com ele é que po­de­remos cons­truir o ver­da­deiro so­ci­a­lismo, aquele que não está nas pa­la­vras de ordem nem nos ma­nuais».

 



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